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Quinta-feira, 6 de Setembro de 2012

Bad Boy ~ 2

            Ela olhou para mim com um ar desesperado mas eu não cedi. Ela suspirou e voltou a olhar para os prédios e casas. Quando pensei que ela ia começar a correr para casa, aterrorizada, vi que ela tinha dado um passo em frente. E a seguir outro. E a seguir outro. E assim dava passos pequenos e lentos em direção ao bairro à nossa frente.

            - Eu pensei que tinhas dito que querias ir depressa…

            Ela olhou para mim com um ar zangado, mas começou a andar mais depressa e antes de darmos conta, já estávamos a percorrer as ruas do tão temível bairro. As pessoas na rua e nas janelas das suas casas olhavam para nós de lado, por sermos estranhas. Eu sentia-me um pouco intimidada, não vou mentir, mas nem tudo era mau. Havia alguns rapazes giros e algumas pessoas não olhavam para nós de lado e até nos sorriam. Depois de algum tempo a caminhar e a olhar para tudo e todos, vejo uma figura alta, forte, encostada a uma parede de um prédio. Olhei-o nos olhos e vi que também olhava para mim. Baixei a cabeça e depois voltei a ergue-la e vi que ele estava a olhar para mim outra vez. Desta vez foi ele que desviou o olhar. E agora apercebia-me de que era um rapaz, aparentando ter, mais ou menos, 18 anos, era bonito, olhos castanhos, cabelo castanho claro e vestia umas calças pretas com uma t-shirt branca com decote redondo e um blusão preto. Usava uns ténis brancos novinhos em folha ou então muito pouco gastos. Ao lado dele estavam mais 2 rapazes, mas nenhum tão giro como aquele que me olhara à pouco. Eu e a Rute continuamos a andar e quando demos por isso, já estávamos fora do bairro e já tínhamos chegado ao salão de bowling. Jogámos a tarde inteira e quando íamos embora, a Rute ficou com algum receio pois já estava a anoitecer e não queria passar por aquele bairro à noite. Ela tinha razão. Era um pouco arriscado. Mas não havia outra maneira de sair daqui. Tínhamos de passar por aquele bairro outra vez, custe o que custasse. Demos as mãos e entramos de novo no bairro, agora sombrio e escuro. Já não havia tanta gente na rua, o que nos assustava um pouco. Se alguma coisa acontecesse, não havia ninguém para nos defender. Estávamos muito assustadas e de repente, ouvimos uma voz atrás de nós.

            - Então meninas, já se vão embora?

            Era uma voz grossa e algo desleixada, o que me fez pensar que era um homem bêbado. A Rute começou a tremer e eu tentei aguentar-me mas as minhas pernas queriam fraquejar. Ouvi passos atrás de nós e quando estava prestes a virar-me e olhar para o homem atrás de mim, ouvi outra voz. Desta vez, mais aguda, mas continuava a ser masculina.

            - Não as chateies, Mourinho! Vai para casa que a tua mulher andou à tua procura o dia todo.

            O homem bêbado vociferou algumas coisas que não percebi e depois senti alguém pousar a mão no meu ombro. Olhei para ver quem era e deparo-me com o rapaz desta tarde. Ele sorria-me e eu não resisti a sorrir para ele. Tinha uma expressão agradável que me fez relaxar mas a Rute ainda estava aterrorizada.

            - Vocês estão bem? O Mourinho não sabe o que faz. Ele passa o tempo todo bêbado.

            O rapaz deslizou a mão que estava no meu ombro e estendeu-a pronto a dar-me um aperto de mão.

            - Sou o Mateus.

            Eu apertei a mão dele suavemente enquanto me apresentava.

            - Sou a Francisca.

A Rute parou de tremer e olhou para o Mateus com um ar que nem sei descrever. Era medo, mas simpatia e nojo e amabilidade ao mesmo tempo. O Mateus largou a minha mão e dirigiu-a à Rute. Esta apertou-a firmemente dizendo o seu nome.

            - Sou a Rute.

            O Mateus largou a sua mão, sorrindo para a minha melhor amiga. Senti alguma tensão no olhar de Rute. Mas não sabia porquê.

            - Bem, nunca vos vi por aqui.

            Rute estava demasiado nervosa para poder falar, por isso falei eu.

            - Nós fomos ao salão de bowling. É a primeira vez que passamos aqui sozinhas.

            Mateus olhou para baixo e depois olhou para mim outra vez.

            - Então, se quiserem, posso acompanhar-vos até ao fim da rua. Pode aparecer mais algum problema.

            Eu não sabia o que responder por isso olhei para a Rute, mas esta tinha uma expressão que eu não consegui decifrar. Decidi aceitar.

            - Está bem, se não te importares.

            Ele sorriu e acenou a cabeça negativamente. Começamos a andar e o silêncio tornou-se irritante. Decidi dizer qualquer coisa.

            - Então, há muitos problemas por aqui?

            Arrependi-me de ter feito aquela pergunta. Nunca na vida me teria lembrado de fazer uma pergunta tão estúpida. Mas o Mateus respondeu.

            - Sim, há alguns.

            - Então, se tu não viesses connosco, provavelmente acontecia mais alguma coisa, certo?

            - Provavelmente sim. Mas eu estou aqui e protejo-te.

            E com aquelas palavras, olhou para mim e sorriu enquanto pôs uma mão à volta da minha cintura, com cuidado e suavidade. Algo que me fez corar e baixar a cabeça. Quando, finalmente chegámos ao final da rua, ele largou-me e parou, assim como eu e a Rute.

            - Obrigada, Mateus. Se não fosses tu não sabia o que seria de nós. Provavelmente nem estaríamos aqui… – Disse eu, arrependendo-me daquilo que tinha dito.

            - Não há problema. Então vemo-nos por ai? – Disse ele, pondo as mãos nos bolsos de trás das calças.

            - Espero bem que sim. – Respondi eu, sorrindo. A Rute ainda não conseguia falar.

            Afastámo-nos e acenamos ao Mateus e este acenou também para nós. Começamos a andar mais depressa, e quando já estávamos perto de minha casa, a Rute decidiu falar.

            - Francisca, nunca mais quero voltar aquele sítio.

            - Mas não aconteceu nada de mal. O Mateus protegeu-nos. – Disse eu com um sorriso.

            - Nem sei porque o fez… podia muito bem ter-nos matado logo ali.

            A Rute reparou na minha cara de espanto quando ela disse aquilo. As suas palavras pareciam totalmente fora de contexto.

            - De que é que tu estás a falar? Ele foi tão simpático para nós! – Exclamei eu.

            - Tu não sabes quem ele é, pois não?

            - O que é que tu queres dizer com isso?

            - Tu nunca viste fotos dele na televisão?

            - Não…

            - Francisca, ele é um dos maiores criminosos da cidade! Já apareceu na televisão muitas vezes! A policia anda sempre atrás dele e depois quando o apanha e vai a julgamento nunca é condenado porque nunca há provas suficientes.


Maятa às 19:06

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1 comentário:
De francis marie a 6 de Setembro de 2012 às 23:55
Adorei!


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