Layout by:

Fresh Designs

Segunda-feira, 3 de Setembro de 2012

Luís

            Luís, 15 anos

            Sabem o que uma vítima de bullying pode sofrer? Sentem-se mal, rebaixados, magoados, abaixo de cão, e sofrem muito…

            Eu sou uma dessas vítimas e não tenho medo, e muito menos vergonha, de continuar a ser como sou. Não sei se sabem o que sofremos todos os dias e espero bem que não saibam. Na escola, é um inferno. Em casa, ninguém te apoia. Na rua, tens muita sorte se não te olharem de lado.

            Tudo começou num dia chuvoso em que tudo parecia bem. Fui para a escola para me deparar com um novo aluno na minha turma. Ele parecia olhar para mim de lado sempre que me via. Nunca dei muita importância a isso e um dia, algumas semanas depois de ele ter chegado, os meus amigos disseram-me que havia um boato por toda a escola e que ninguém sabia quem o tinha inventado. Perguntaram-me se eu sabia e nunca pensei que havia alguém na escola que não gostasse de mim ao ponto de inventar um boato.

            No dia seguinte, deparei-me com outro boato. O do dia anterior era sobre uma coisa completamente estúpida e ninguém acreditou mas o boato daquele dia era bastante credível. Todos olhavam para mim com uma cara de preconceito. Alguém tinha inventado que eu era gay. Era mentira e os meus amigos, mesmo conhecendo-me muito bem, vieram falar comigo e perguntaram-me se era verdade. Eu disse-lhes que não e a partir daí ficámos com muita vontade de descobrir quem tinha inventado aqueles boatos. E o pior é que até na rua as pessoas me olhavam de lado… os boatos espalharam-se pela cidade inteira. Em casa, ninguém sabia destes boatos e eu não lhes contei. Os meus pais estavam a discutir o tempo todo e eu não tive coragem de os deixar mais preocupados.

            E enquanto isso, outro boato era criado. E este tinha provas. Ao que parece, existe uma fotografia minha em que eu estou a beijar um rapaz. É uma montagem e por causa disso, passei a ser o alvo preferido dos homofóbicos da escola. Durante muito tempo, fui vítima de bullying e os meus amigos nunca sabiam o que fazer. sempre que havia um boato novo, todos me olhavam de lado… Cheguei a passar dias fechado no meu quarto a chorar por causa disso. Nunca queria sair de casa e até tentei fazer com que os meus pais não me obrigassem a ir à escola. Sempre que havia um boato novo, eu fechava-me em copas e não falava com ninguém. Por causa disso, os meus amigos deixaram de falar comigo e no início pensei que era por causa dos boatos. Mas depois apercebi-me de que não foram eles que se afastaram de mim, fui eu que me afastei deles.

            Um dia, quando ia para a escola, uma senhora de meia-idade cumprimentou-me na rua e começou a falar comigo como se me conhecesse. Não sabia quem ela era, mas alinhei na conversa. Eventualmente ela começou a falar sobre eu assumir a minha sexualidade e em ser forte e corajoso. Eu disse-lhe que isso era mentira e que eram só boatos. Ela ficou com um ar estranho e quando eu lhe perguntei o que era ela não quis responder. Eu insisti e ela acabou por me contar. Ela disse-me que o seu filho também era gay e que andava na minha escola. Ela também me contou que um dia foi acompanhar o filho à escola e que quando lá chegaram, ele contou-lhe que tinha uma pequena paixoneta por mim. Eu fiquei admirado pois nunca pensei que um rapaz da minha escola pudesse gostar de mim. A senhora contou-me também que no dia seguinte ele parecia um pouco abatido e quando ela perguntou porquê ele disse que estava triste porque eu era heterossexual e disse também que ia fazer com que eu gostasse dele. A senhora disse-me que ficou algo contente quando o filho lhe contou que afinal eu era homossexual. Não consegui evitar pensar que o plano do filho daquela senhora era inventar boatos na esperança que eu realmente me tornasse gay. Não resisti a perguntar à mulher à minha frente quem era o filho dela e ela respondeu-me, um pouco hesitante. E ao que parece, esse rapaz é o miúdo novo da minha turma.

            Mal cheguei à escola, fui falar com ele e ele contou-me tudo. Aparentemente, ele tinha um fraquinho por mim e inventou os boatos porque não queria que as raparigas me quisessem. Ele queria que eu me tornasse realmente gay e que me apaixonasse por ele. Fiquei perplexo com aquilo que ouvi e disse-lhe que não era nem nunca ia ser homossexual. Ele ficou triste mas compreendeu. A partir desse dia, ele nunca mais inventou boatos e voltei a ter os meus amigos de volta. Mas por favor, deu-vos um concelho, nunca inventem nada sobre ninguém. Bullying ou cyberbullying não é uma solução para os problemas de ninguém… por muito que vos custe.

Ouvir enquanto ler: Who says - Selena Gomez & The Scene

Maятa às 22:44

Link do post | Comentar

1 comentário:
De francis marie a 4 de Setembro de 2012 às 10:18
Adorei ;)


Comentar post