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Sábado, 12 de Maio de 2012

Matilde

Matilde, 15 anos

Conseguem imaginar uma rapariga de 7 anos a receber a notícia de que tem cancro? Isso aconteceu com uma pessoa bastante presente na minha vida… eu. Tinha 7 anos e 3 meses quando a minha mãe me levou ao médico porque tinha o pressentimento de que o sinal castanho escuro nas minhas costas tinha mudado de forma e de cor. Eu sabia que não era nada, mas a minha mãe quis leva-me ao médico na mesma.

Entrámos no consultório e a minha mãe contou ao médico tudo o que estava na sua cabeça sobre aquele sinal nas minhas costas. O médico quis ver as minhas costas e eu tirei a camisola, e depois de analisar bem o tal sinal, ele disse que era melhor fazer uns exames porque tinha a sensação de que algo não estava bem quanto àquele sinal. Fiquei um pouco assustada, mas como uma rapariga ingénua e sonhadora como eu faria, disse para mim mesma que não era nada de especial. Uns dias depois, a minha mãe e eu voltámos ao hospital para fazer os tais exames. O médico fez um exame que eu não sabia e continuo sem saber como se chama. Só sei que pegou num aparelho com uma câmara de aumento que depois a imagem aparecia num monitor. O médico não disse uma única palavra durante o exame mas dava para ver que a sua expressão não era de contentamento. No final do exame, o médico pediu se podia falar com a minha mãe a sós e foram para o corredor. Não se importaram muito com o facto de eu poder ouvir a conversa, até porque foi o que aconteceu. O médico disse que eu tinha um cancro de pele. Não sabia como nem porquê visto que era Inverno e não tinha apanhado sol e também não havia ninguém na minha família com este tipo de cancro. Porque é que eu o tinha? Depois de os dois falarem, o médico veio falar comigo e explicou-me que eu tinha um problema de saúde mas que tudo ia ficar bem, porque eu ia ficar curada e ia conseguir vencer a doença. Ele não me disse que doença era mas depois de ir a tantos tratamentos e de ouvir tanto na televisão sobre o assunto, apercebi-me que a doença que eu tinha era cancro.

Durante 4 anos, batalhei contra uma doença que levou a melhor em muita gente. Fiquei sem cabelo, tinha enjoos e dores de barriga constantemente, tinha dores de cabeça logo pela manhã, não tinha apetite para doces, comidas pesadas e por isso só comia coisas leves o que me fez emagrecer imenso. A puberdade começou mais cedo, fazendo com que tivesse o período aos 8 anos e seios copa 32 aos 9. Quem olhasse para mim não dizia que eu tinha menos de 14 anos. Isto pode não acontecer a todas as crianças com cancro, mas a minha doença estava num estado avançado por isso a medicação teve de ser exagerada e demasiada. Tomava hormonas todos os dias para não sentir os efeitos secundários da quimioterapia, pois eu era alérgica a um dos produtos utilizados nos comprimidos. Numa criança, normalmente, fazem quimioterapia por comprimidos e na minha opinião, resulta melhor apesar de ser mais cansativo.

Aos 11 anos, numas das consultas de rotina, o médico que me tinha acompanhado durante esses 4 longos anos, fez o tal exame da câmara de aumento e em 2 segundos, um sorriso apareceu na cara do médico. Ele olhou para mim, pousou o aparelho branco e deu-me um abraço. Eu não percebi e depois daquele abraço demorado, o médico olhou-me nos olhos e disse-me que eu tinha vencido o cancro. Não me lembro bem do que senti naquele momento, mas sei que fiquei muito contente.

Agora que tenho 15 anos, tenho bastante respeito por todas aquelas pessoas, não só crianças, que vivem com este problema. Espero que um dia consiga fundar uma instituição de caridade para ajudar essas pessoas. Todas as pessoas que me conhecem, sabem o que vivi e sempre que conheço alguém novo, digo-lhe que tive cancro e essa pessoa dá-me sempre os parabéns por o ter vencido com uma idade tão jovem.

Espero nunca mais ter de lidar com um problema destes e espero que ninguém lide com isto também.


Maятa às 18:53

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3 comentários:
De:

Data:
12 de Maio de 2012 às 18:57


De maary a 12 de Maio de 2012 às 19:31
grande vitória :D


De apenasdesejo a 29 de Maio de 2012 às 19:21
Adoro (:
Com sempre a tua criatividade não para de florescer...
Grande historia e vitoria.
Beijinhos


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